11/10/2008

Unidades Estratigráficas e Descontinuidades



Unidades objectivas:

Litostratigráficas (Grupo, formação, membro) - baseadas na litologia.

Biostratigráficos (Biozonas) - baseados no conteúdo fossilífero.

Cronostratigráficos (Eonotema, eratema, sistema, série, andar) - baseadas nas relações de idade (conjuntos de rochas formadas durante dado intervalo de tempo).



Unidades abstractas ou temporais:

Geocronológicas (Eon, era, período, época, idade) - tempo correspondentes ás unidades cronostratigráficas.

Biocronológicas - tempo correspondente às unidades biostratigráficas.


Outras unidades estratigráficas:

Unidades litodémicas (conjunto("suite"), litodema, zonas) - baseadas na litologia e constituídas por campos líticos que não respeitam o princípio da sobreposição (rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares muito deformadas).

Unidades magnetostratigráficas - baseados na polaridade magnética

Unidades alostratigráficas - conjuntos líticos separados por descontinuidades (sistemas, subdivisão em intertemas, sequências)

Unidades tectóno-sedimentares - conjuntos líticos depositados com controlo tectónico. (episódios orogénicos, ciclos epidogénicos, variações eustáticas do nível do mar).

Unidades pedostratigráficas - paleossados ; unidades baseadas nas propriedades eléctricas, sísmicas, minerais pesados, etc.

Sabe-se que a classificação estratigráfica baseia-se prende prioritariamente na sucessão de rochas terrestres; contudo, em muitos locais, o registo litológico está longe de completo ou de contínuo, e é, com frequência, interrompido por inúmeros diastemas, descontinuidades, superfícies de erosão, que são, em si mesmo, parte integrante da estratigrafia e representam intervalos perdidos, não registados na história da terra.

Descontinuidades - Rupturas no Registo Estratigráfico

As descontinuidades são perceptivéis com valores muito diferentes (ausência de depósito, erosão, dissolução diagenética, etc.) e com materialização muito diferente (simples junta de estratificação, superfície de ravinamento, mudança litológica, discordância angular, etc. ).

Classificam-se em:

Descontinuidades sedimentares: Correspondem a um intervalo de tempo muito curto, em que há a descontinuidade entre laminas. Podem ser Passiva se corresponder a simples ausência de deposição ou Erosiva se ocorrer destruição parcial ou total da lâmina anterior.

Descontinuidades estratigráficas: Quando duas unidades são separadas por um intervalo de tempo considerável diz-se que há descontinuidade estratigráfica (ausência de uma biozona, p. ex.).

Descontinuidades diastróficas: Quando à ausência de determinada unidade geológica se junta deformação tectónica (discordância angular).

Contacto entre as Unidades litológicas:

Concordante: Sempre que há continuidade entre unidades sucessivas.

  • Paraconformidade: Não há diferença de atitude entre unidades sobrepostas, mesmo que faltem diversos conjuntos líticos.
  • Intrusivo: Quando corpo igneo atravessa outros corpos líticos.

Discordante:


  • Não- conformidade: contacto entre um conjunto sedimentar igneo ou conjunto metamórfico mais antigo.(Ver Figura 3 e 4)
  • Disconformidade: As camadas são paralelas de um e de outro lado da superfície, mas esta não é conforme com a estratificação.(Ver Figura 1)
  • Discordância progressiva: Quando os diversos níveis vão fazendo ângulos progressivamente diferente com o substrato.
  • Discordância angular: As inclinações do conjunto inferior e superior são diferentes, fazendo ângulos entre si.( ver Figura 2)

Figura 1. As disconformidades podem ser reconhecidas correlacionando uma área a outra.



Figura 2: Discordância Angular em Siccar Point. USA. Ver em AGI - Earth Science World Image Bank .




Figura 3: Não- conformidade. Granito cristalino em contacto com Arenito Mesozóico. Colorado- USA. Ver site Earth Science World Image Bank-AGI]



Figura 4. Desenvolvimento de uma discordância heterolitica.







Figura 5. Comparação das principais discordâncias: Disconformidade, Não-conformidade, discordância angular, respectivamente.

Referencias Bibliográficas:

Descontinuidades sedimentares e contactos entre unidades litológicas (João Pais, UNL) Recurso Moodle.

Imagens 2 e 3 extraídas de http://www.earthscienceworld.org/imagebank/ em 10/11/2008.

Figuras 1,4 e 5 extraídas de http://earthsci.org/index.html em 11/10/2008.

Estratificação e Laminação - Tipos

Antes de mais, refere-se aos Estratos como níveis diferenciáveis nas rochas limitada pelas superfícies de estratificação, e que equivale a uma unidade de tempo de depósito; em geral têm espessura maior que 1 cm, quando menor são classificadas como Laminas (menor divisão reconhecível em rochas estratificadas) que se manifestam por diferenças na composição, na textura e na cor da rocha.




Arenito Laminado. Bahia/ Brasil. Extraído de "Geologia e Recursos Minerais".http://paginas.terra.com.br/educacao/br_recursosminerais/ (consultado em Outubro/2008)


A estratificação corresponde ao aspecto que as rochas sedimentares normalmente apresentam após sofrerem os processos diagenéticos. Os sedimentos depositam-se na maior parte dos casos horizontalmente (caso da estratificação planar) em bacias sedimentares, uns sobre os outros formando camadas paralelas. Os processos diagenéticos transformam estes sedimentos soltos em rochas sedimentares consolidadas estratificadas. Chamamos Estruturas Sedimentares à estratificação e a todas as outras superfícies formadas durante a deposição que as rochas sedimentares podem apresentar, e subdividem-se:

Estratificação cruzada

Estrutura de lâminas ou camadas que se cruzam e truncam em ângulos e que foram depositadas dentro de um processo contínuo de sedimentação, sem ocorrer discordância.
Camadas depositadas horizontal e não-horizontalmente em canais de rios, de marés, nas frentes de deltas (em ambiente subaquático ou litorâneo), em dunas, formam ângulos, cruzando-se com camadas vizinhas correspondentes a mudanças de direcção de fluxo de água ou de vento. Padrões sedimentológicos (tamanhos e uniformidade de formas de grãos) e as formas de estratificações cruzada permitem determinar o tipo de ambiente geológico que deu origem às rochas onde eles ocorrem.


Estratificação Cruzada eólica em Arenito. Navajo - Zion National Park. Extraído de Earth Science World Image Bank-AGI]



Estratificação Cruzada de canal. Navajo - Zion National Park. Imagem de Earth Science World Image Bank - AGI].



Estratificação Gradacional


Estratificação que apresenta variação gradual e progressiva de granulometria, apresenta-se, muitas vezes, rítmica, indicando ciclos que retratam sazonalidade (ex. sedimentos glácio-lacustrinos) ou retomadas do processo de transporte e deposição em que a corrente fica mais forte ou mais fraca com o tempo (ex: ritmitos de correntes de maré). Em casos de depósitos vulcanoclásticos (bombas, tufos, material) tambem podem ser encontrados ciclos com granulometria gradacional devido a queda de fragmentos vulcânicos grosseiros antes dos mais finos. A inversão de fino na base para grosseiro no topo de um ciclo gradacional, como pode ocorrer em correntes de turbidez, chama-se estratificação gradacional invertida.


Estratificação Gradacional em Quartzito, Sawatch Cambrian, ver no site Earth Science World Image Bank - AGI].


Bioturbações


Muitas vezes nas rochas sedimentares a estratificação encontra-se quebrada por tubos aproximadamente cilíndricos de poucos centímetros de diâmetro, que se estendem verticalmente ao longo de muitas camadas. Estas estruturas são remanescentes de furos e túneis escavados por moluscos e muitos outros organismos marinhos. Estas estruturas são também um critério muito importante no estuda do polaridade das rochas em que se encontram.



Aspecto de Bioturbação na Praia Grande. Ver geologia.fc.ul.pt/.../galeria_de_fotos.htm

Ripple marks


Superfície ritmicamente ondulada, com comprimento de onda centimétrico a decimétrico, em sedimentos arenosos ou siltosos que se forma em dunas, pela acção do vento, e em ambientes sub-aquáticos, pela acção de ondas e de correntes.
Essas marcas podem ser simétricas ou assimétricas. As simétricas são mais típicas do vai e vem de ondas em lâmina d'água rasa e as assimétricas, são comuns quando a ondulação é formada por um fluxo de corrente, eólico, fluvial, ou canal de maré. Os dois tipos, simétricas e assimétricas, são importantes para determinar se houve inversão estratigráfica (topo e base de camadas: geopetal) . As marcas de corrente, ondulações assimétricas, além de definir a sequência estratigráfica, servem para, usando-se medidas estatísticas da assimetria, determinar o rumo preferencial da corrente eólica ou aquática, pois o lado mais íngreme é o lado contrário ao do fluxo.

Marcas de ondulação eólica assimétrica. Arenito - Colorado/USA, no site Earth Science World Image Bank-AGI] .



Referências Bibliográficas:



VERA TORRES, J. A. (1994) - Estratigrafia, principios y metodos. Ed. Rueda, 806p.

Press, Frank ; Siever, Raymond ; Grotzinger, John ; Jordan Thomas (2006) - Para entender a terra (4ª ed) - Porto Alegre: Bookman 2006


http://www.unb.br/ig/glossario/ ( Consultado em Outubro/2008)

Imagens: ( Extraídas dos sequintes links em Outubro/2008)

http://www.earthscienceworld.org/imagebank/


Earth Science World Image Bank-AGI]

geologia.fc.ul.pt/.../galeria_de_fotos.htm